Eleições e Interatividade: uma combinação difícil?

July 4, 2014
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A fusão entre as tecnologias interativas e a televisão é uma das tendências mais interessantes com que a indústria de broadcast se tem deparado. Ainda que não seja algo completamente novo, se contarmos com os antigos programas de televisão que permitiam uma interação por telefone, o interesse do público e as oportunidades para experimentar com este tipo de funcionalidades têm vindo a aumentar como nunca antes.

Os novos formatos de programas de entretenimento, tais como concursos com sistemas de voto, permitem que as suas audiências interajam com os conteúdos através de uma ou várias tecnologias, permitindo aos produtores uma melhor análise e envolvimento com o seu público-alvo.

Por outro lado, os jornalistas utilizam todo o tipo de redes sociais para ter acesso e publicar assuntos próximos do interesse do seu público. Posto isto, a interatividade nos programas informativos nunca foi algo polémico.

Porém, será que o mesmo acontece quando entramos no campo da política e dos eventos eleitorais? Poderá ser arriscado acrescentar a interatividade nesta área? Misturar sondagens estatisticamente relevantes e inquéritos de opinião, obtidos através SMS e websites, pode confundir o público?

Habitualmente, as noites eleitorais proporcionam enormes quantidades de dados para compilar e apresentar ao público, fomentando interpretações politicas mais informadas por parte dos líderes de opinião, especialmente pelos painéis de comentadores convidados. No entanto, os canais de televisão irão defrontar-se com duas noites eleitorais, no final do ano, que não pertencem a esta categoria: os referendos de independência da Escócia e da Catalunha.

Apesar do âmbito regional, o resultado dos referendos irá causar repercussões muito para lá das fronteiras europeias. Apesar dos referendos independentistas não serem algo novo, estas cisões no Reino Unido e em Espanha seriam notícias de abertura de telejornais em todo o mundo, por isso, podemos contar com inúmeros telespetadores internacionais a seguir os acontecimentos.

Relativamente às transmissões televisivas, os referendos são habitualmente considerados uma versão menor de noite eleitoral, mesmo que agitem o debate público, por abordarem temas controversos, e a baixa variedade de dados estatísticos também não ajuda. Poderá a interatividade revolucionar a cobertura televisiva dos referendos?

Alex Fraser, CTO da wTVision, julga existirem alguns problemas que necessitam de ser considerados antes de se optar por uma solução completamente heterodoxa: “O público pode confundir dados informais com sondagens legítimas. Existe também o problema de fazer com que a noite eleitoral se assemelhe demasiado a “Infotainment”, algo que pode alienar muitos telespetadores, precisamente aquilo que a maioria dos diretores de informação quer evitar.”

Para evitar confusões, há formas indiretas de interagir com o público, como as redes sociais. A integração do Facebook e do Twitter é uma prática comum nos programas em direto mas, além disto, o que mais se pode aproveitar?

Hugo Monteiro, Communications Specialist da wTVision, comenta que poderão surgir outras questões no caso de o “Sim” vencer: “Estamos a falar de duas das mais importantes monarquias do mundo. O que irá acontecer se os separatistas triunfarem? Por exemplo, a Catalunha sempre foi, tradicionalmente, mais favorável ao republicanismo do que à monarquia. O regime político também mudaria? A Escócia iria manter a Rainha Isabel II como sua monarca tal como a Austrália? O canal que melhor responder às dúvidas do público terá uma vantagem na corrida pelas audiências”.

Os meios para obter estas informações podem ser a chave para alterar o status quo sem sacrificar a seriedade: “Um software capaz de reconhecer automaticamente as tendências políticas, nas redes sociais, e a posição dos utilizadores em relação a elas, pode ser uma forma incrível de obter quantidades massivas de dados e compila-los em relatórios que sejam relevantes para essa rede social. Isto ultrapassa em muito o mero reconhecimento de hashtags mas, como é óbvio, irá requerer uma inteligência artificial bastante sofisticada”, declara Alex Fraser.

Misturar fontes oficiais e não oficiais é algo que representa, simultaneamente, um risco e uma oportunidade para as coberturas eleitorais. Paulo Ferreira, Global Sales Director da wTVision, defende que a consulta das redes sociais é a forma correta de aferir as orientações de votos dos eleitores: “A maior parte do tempo, os canais centram as suas atenções nas entrevistas a políticos e líderes de opinião. Os referendos podem ser boas ocasiões para estimular o debate antes e depois das eleições, destacando os prós e contras de ambos os lados e apresentando-os de uma forma interativa e inovadora.”

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